Somos seres eróticos

É [numa] simbólica enigmática que se nos apresenta o erótico. Nele vivemos, somos e agimos. É nele que podemos nos humanizar ou desumanizar. É nesta intriga, feita de sonhos e desejos, alegrias e tristezas, esperas e realizações, que nos encontramos e somos convocados pelo outro a viver responsavelmente nossa existência humana no mundo. No erótico somos convidados a responder ao outro, a nos fazermos próximos do outro, apresentando-nos com empatia, estima e respeito. Outro que é um rosto para mim, que é único, que não se deixa apreender diante de uma generalização anônima e abstrata. Viver o cotidiano do erótico em nossas vidas é vivê-lo como criaturas, finitas e sempre necessitadas do outro que não pode por nós ser dominado. Viver na historicidade, na temporalidade da vida humana, sabendo que a relação com o outro se constrói paciente e criativamente, na estima de si, na solicitude ao outro e em instituições justas.

Elton Vitoriano Ribeiro SJ. “Filosofia, Eros e Sociedade”. In: https://faculdadejesuita.edu.br/filosofia-eros-e-sociedade/

Meditação:

Como compreender nossa humanidade a partir de sua dimensão erótica? O que nos revela esta faceta de nosso ser relacional? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir de um trecho do texto “Filosofia, Eros e Sociedade”, do professor e filósofo jesuíta Elton Vitoriano Ribeiro. Escutemos o que ele nos diz:

Elton Ribeiro apresenta um encadeamento de afirmativas para se referir ao erótico em nós: ele é simbólico e cheio de enigmas; ele perpassa nossas experiências humanas, positiva e negativamente; ele está no coração do tecido íntimo de nossa vida e é, ao mesmo tempo, uma convocação vinda de fora, dos outros. Como eu compreendo esta dinâmica dos desejos em minha vida? De que modo posso completar a descrição feita pelo filósofo?

O professor associa a dimensão erótica de nossa existência ao chamado à responsabilidade diante do outro. O desejo sempre nos coloca diante da alteridade do mundo e dos outros seres humanos, em sua concretude e singularidade. Há, no erótico, uma interpelação ética, que nos provoca a oferecer uma resposta empática e respeitosa às coisas e pessoas que despertam nosso desejo. Tenho consciência da relação entre desejo e responsabilidade? Tenho conseguido conciliar o eros e a ética?

Elton Ribeiro, ao final de sua reflexão, associa o erótico com nossa condição de criaturas, limitadas e necessitadas do outro. O desejo revela, por um lado, a impossibilidade de uma realização autossuficiente de nossa existência e, por outro lado, a impossibilidade de dominar o outro, reduzindo-o a si mesmo. Aceitar-se como um ser erótico significa acolher a lenta e paciente construção de si em relação com os outros. Como essa reflexão ressoa em você? Esta visão do erótico traz alguns impactos para sua vida pessoal e social?

O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Gostaria de aprofundar algum ponto desta reflexão?

A Faculdade Jesuíta deseja que tenhamos uma existência humana e social movida pelo desejo e pelo senso de responsabilidade ética!

Música: As Rain In The Desert Brings Hope – D.T. Halpin, fsp/G.A. Richards, fsp © CD Sanctus – Paulinas.

Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ