As eleições municipais se aproximam. (…) O que deveria ser um grande e empolgante evento democrático, no entanto, é encarado por muitos com ceticismo e desprezo. (…) Critérios para uma escolha correta não faltam, mas, talvez, não esteja tão clara a finalidade da escolha. (…) O ideal da política consiste em colocar em forma o corpo social, garantir sua existência e ação. Isto exige, sem dúvida, projetos que deem sentido ao labor cotidiano, e cuja implementação leve a valorizar o que é público e a convivência amiga entre nós. Mas cada resultado deve estar dirigido à utilidade maior, que é a unificação da sociedade, no respeito às diferenças, para que todos tenham vida. (…) [Por isso], decisões que desarticulam o município, o estado ou a nação, seja por omissão, seja por imperícia, incompetência ou desonestidade, terminam por adulterar a legitimidade dos representantes e seu poder efetivo de fazer-se escutar, quando buscam persuadir, e de serem obedecidos, quando decidem. As eleições periódicas são o principal meio de correção do problema (…). Nesses tempos pesados de crises sanitária, política e econômica, conversemos entre nós, avaliando as atitudes e ações de nossos prefeitos e vereadores. Foram omissos, incapazes, desonestos? Se tal caso se apresentasse, teriam sido não apenas inúteis, mas prejudiciais à vida social. E deverão, portanto, ser banidos, ao menos por bom período, para que outros melhores desempenhem suas funções. Comprometeram-se na busca bem informada de soluções e tiveram a coragem de executá-las, enfrentando interesses menores, ainda que de modo imperfeito? Parece-me que deveriam ser mantidos, sobretudo, na falta eventual de opções. Busquemos, enfim, o melhor para a vida em sociedade, com consciência e ânimo renovados.
Álvaro Mendonça Pimentel SJ. “Eleições: para que servem nossos representantes?”. In: https://www.faculdadejesuita.edu.br/artigo/eleicoes-para-que-servem-nossos-representantes–20102020-122944
Meditação:
Qual é a nossa atitude em tempos de eleições? Com quais critérios escolhemos nossos representantes? Para nos ajudar a refletir sobre este tema, o Passo a Pensar de hoje traz um trecho do texto “Eleições: para que servem nossos representantes?”, do jesuíta e professor de filosofia Álvaro Mendonça Pimentel. Escutemos o que ele nos diz:
Álvaro Pimentel parte de uma constatação: as eleições, evento estruturante das democracias modernas, despertam em muitos cidadãos e cidadãs uma reação cética ou indiferente. Segundo ele, para fazer uma escolha correta, são necessários tanto bons critérios quanto uma clareza sobre a finalidade que buscamos. Qual é minha atitude diante das eleições? Com quais critérios e para quais fins escolho meus representantes?
O professor apresenta o horizonte de toda boa política: unificar o corpo social, respeitar as diferenças, oferecer condições de vida para todos. Este horizonte deve se traduzir em projetos concretos e executáveis, que favoreçam o bem público e a amizade social e sejam passíveis de avaliação periódica. Compreendo esta distinção fundamental entre finalidades e mediações? Como avalio a relação concreta entre ambas, no contexto do meu município?
Álvaro Pimentel nos propõe alguns critérios de escolha, em relação com as finalidades e mediações da ação política. Pessoas omissas, incapazes e desonestas devem ser afastadas do serviço público; pessoas capazes de buscar e executar soluções criativas e bem informadas devem ser priorizadas em nossas escolhas. Como tento me informar sobre a índole e as capacidades de quem deseja ser meu representante político?
Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Concordo com a reflexão proposta? Desejo retomar e aprofundar algum ponto específico?
A Faculdade Jesuíta deseja que saibamos escolher representantes responsáveis e zeladores do bem comum!
Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Música: Be Thou My Vision – J.H. Desrocquettes/Ancient Gaelic © CD Sanctus – Paulinas.