Todos irmãos

O amor coloca-nos em tensão para a comunhão universal. Ninguém amadurece nem alcança a sua plenitude, isolando-se. Pela sua própria dinâmica, o amor exige uma progressiva abertura, maior capacidade de acolher os outros, numa aventura sem fim, que faz convergir todas as periferias rumo a um sentido pleno de mútua pertença. Disse-nos Jesus: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). (…) O amor que se estende para além das fronteiras está na base daquilo que chamamos “amizade social” em cada cidade ou em cada país. Se for genuína, esta amizade social dentro de uma sociedade é condição para possibilitar uma verdadeira abertura universal. Não se trata daquele falso universalismo de quem precisa de viajar constantemente, porque não suporta nem ama o próprio povo. Quem olha para a sua gente com desprezo, estabelece na própria sociedade categorias de primeira e segunda classe, de pessoas com mais ou menos dignidade e direitos. Deste modo, nega que haja espaço para todos. (…) Para se caminhar rumo à amizade social e à fraternidade universal, há que fazer um reconhecimento basilar e essencial: dar-se conta de quanto vale um ser humano, de quanto vale uma pessoa, sempre e em qualquer circunstância. Se cada um vale assim tanto, temos de dizer clara e firmemente que “o simples fato de ter nascido num lugar com menores recursos ou menor desenvolvimento não justifica que algumas pessoas vivam menos dignamente”.

Papa Francisco. Encíclica Fratelli tutti, nn. 95, 99 e 106.

Meditação:

A quem devemos amar? É possível pensar numa sociedade fundada na amizade e na fraternidade? Quais seriam as condições para isso? Para nos ajudar a refletir sobre essas questões, o Passo a Pensar de hoje nos propõe um trecho da encíclica Fratelli Tutti (Todos irmãos), do Papa Francisco. Escutemos o que ele tem a nos dizer:

Francisco fala da tendência do amor à comunhão universal. Nenhum tipo de isolamento pode nos levar à maturidade humana, pessoal ou social. O caminho é a abertura progressiva, a acolhida do diferente, o reconhecimento de que pertencemos, uns e outros, a uma humanidade comum. Você já tinha pensado no amor desta maneira? Isto lhe parece utópico ao algo ao nosso alcance?

O papa propõe a amizade social como caminho para uma abertura universal. Este tipo de amizade nos une a círculos de relação cada vez maiores. Para isso, é necessário aprender a amar seu próprio povo, sem alimentar sentimentos e atitudes de desprezo em relação a ninguém. Você percebe esta atitude de solidariedade fundamental em você e à sua volta? Identifica algum preconceito a ser superado?

O Papa Francisco ousa sonhar com uma amizade e uma fraternidade universais. Mas a condição para que isso aconteça é o reconhecimento do valor e da dignidade de cada pessoa, de cada vida, para além de qualquer mentalidade elitista e utilitarista. Você crê, espera e trabalha para que todos sejamos, de fato, irmãos e irmãs?

O Passo a pensar de hoje vai chegando ao fim. A reflexão proposta lhe inspirou? Você concorda com ela?

A Faculdade Jesuíta deseja que todos colaboremos com a construção de um mundo mais fraterno!

Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ

Música: Wefko (vertente, em língua mapuche). © 2016, Cristóbal Fones, SJ