“Nenhuma relação é fácil e quanto mais profunda for mais dura se torna. Na amizade há dois pontos de partida e dois pontos de chegada. Duas vidas que devem ser sempre independentes e livres. Um amigo sabe quando é tempo de se aproximar e quando é tempo de se afastar. A amizade supõe uma distância grande entre as pessoas, como se tivessem sempre espaço à sua disposição, ar à sua volta e tempo sem pressa. Nem muito perto, nem demasiado distante. É essencial que saibamos compreender o que é o respeito. Isso envolve aceitar que outras pessoas o julguem de forma diferente, mas, ainda que o considerem menos do que nós, nunca devemos ultrapassar os nossos limites. Se o outro tiver uma ideia de respeito mais alargada do que a nossa, então é a dele que deve ser tida em conta. Um amigo não se empresta a si mesmo, dá-se. A amizade é uma manifestação do amor. A amizade é um amor de pés bem assentes na terra! A felicidade é impossível sem amigos, mas não nos devemos convencer de que os temos em abundância, porque a maior parte desaparecerá assim que se vir o primeiro relâmpago forte e antes mesmo do trovão! Outros revelam que não são amigos quando não são capazes de ficar felizes com os nossos sucessos. Um amigo é alguém como nós. Nem melhor, nem pior. Capaz de repartir o pouco e o muito, as aflições e, da mesma forma, os contentamentos. Um amigo não morre sozinho. Com ele leva o quanto lhe dei, comigo fica tudo quanto de si me deu. Abrir a porta que existe entre nós e o outro, permitindo a partilha, é a chave para que se abra a porta do céu para nós.“
Jose Luís Nunes Martins. “Uma amizade é muito difícil”. In: https://www.imissio.net/artigos/49/4049/uma-amizade-e-muito-dificil/
Meditação:
O que é um amigo, uma amiga? Como viver a experiência da amizade de modo justo? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir da crônica “Uma amizade é muito difícil”, do filósofo e escritor português José Luís Nunes Martins. Escutemos o que ele nos diz:
José Luís Nunes Martins fala da dificuldade das relações, especialmente quando elas se tornam profundas. O equilíbrio entre a presença e a ausência, a proximidade e o afastamento, a palavra e o silêncio… nem sempre é fácil de ser encontrado! Você percebe isso em suas relações? Tem experimentado a alegria e os desafios de uma amizade profunda?
O filósofo descreve algumas características de uma amizade verdadeira: respeitar a ideia e os limites do outro, saber construir um amor pé-no-chão, atravessar juntos as tempestades, alegrar-se com o sucesso do outro. Sinto-me assim diante de meus amigos e amigas? Eles me tratam desta maneira? Em que pontos ainda podemos crescer juntos?
José Luís considera a amizade como o lugar da partilha: das alegrias e das tristezas, do pouco e do muito, enfim, de nós mesmos. A transformação vai acontecendo dos dois lados, pois uma parte de nós fica com o outro, e uma parte dele passa a habitar em nós. Esta abertura ao outro revela-se, assim, como uma chave das portas do céu. Você reconhece estes traços em suas amizades? Pense em nomes, rostos, situações concretas…
O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Você concorda com a reflexão proposta? Que pontos merecem um maior aprofundamento?
A Faculdade Jesuíta deseja que cada um de nós aprenda, com coragem, a linda arte da amizade!
Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Música: Adoro Te – D.R. © CD Sanctus – Paulinas.