No ar que hoje todos respiramos, surge várias vezes, logo afastado, o temor do fracasso. Com efeito, o objetivo que é proposto, e que ressoa como resultado determinante da felicidade e do êxito de uma vida, é o sucesso. E não só o sucesso é perseguido, como é considerado aquilo que salva uma existência. De outra maneira, a pessoa sente-se uma falhada, contada entre os descartados da sociedade. Esta parece-me ser uma doença espiritual do nosso tempo, e muitos estão convictos de que o sucesso deve ser procurado como o desejo por excelência a inocular nas novas gerações. Não foi por acaso que (…) Pasolini escreveu: «Penso que é necessário educar as novas gerações para o valor da derrota. Para a sua gestão. Para a humanidade que dela brota. Para construir uma identidade capaz de percepcionar uma comunhão de destino, onde se pode falhar e recomeçar sem que o valor e a dignidade sejam atacados. Para que não se tornem conquistadores sociais, para que não passem sobre o corpo dos outros para chegar primeiro». (…) Por isso o fracasso deve ser inscrito no itinerário da existência cristã, assim como, bem o sabemos, no da existência humana. A queda e o fracasso não podem ser removidos porque estão inscritos (…) na fragilidade que nos conduz a falhar. Pode chegar a hora da queda e, como dizia um padre do deserto, «no fracasso vai-se ao fundo, toca-se o fundo, mas no fundo descobre-se o fundamental».
Enzo Bianchi. “O valor do fracasso”. In: https://www.centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/desdobramentos/2328-o-valor-do-fracasso
Meditação:
Numa sociedade que prega o imperativo do sucesso, o que podemos aprender com nossos fracassos? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje traz um trecho do texto “O valor do fracasso”, do escritor e monge italiano Enzo Bianchi. Escutemos o que ele nos diz:
Enzo Bianchi considera a busca desmedida de sucesso como uma doença espiritual de nosso tempo. Já não sabemos lidar com nossos fracassos e nossas falhas. Você experimenta este temor do fracasso? Percebe isso à sua volta?
O monge italiano, citando o cineasta Pasolini, fala da humanização que surge da experiência dos fracassos. Nosso valor e dignidade não estão relacionados com nenhum tipo de sucesso, mas com nossa comunhão de identidade e destino com todos os seres humanos. Como você identifica esta experiência de humanização em seus próprios fracassos?
Enzo Bianchi reconhece que a existência cristã, como toda existência humana, é um itinerário que deve saber integrar a fragilidade, a queda, as falhas. Mas ele nos convida, sobretudo, a ir às profundezas de nossa humanidade para encontrar o fundamento de nossa vida. Você já aprendeu a lidar com sua fragilidade? Tem encontrado um Amor capaz de abraçar-nos também nesta dimensão de nossa vida?
O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Você concorda com a reflexão proposta? Que pontos merecem um maior aprofundamento?
A Faculdade Jesuíta deseja que aprendamos a apreciar a beleza de nossa humanidade, com suas forças e fragilidades!
Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Música: Morning Has Broken – Tradicional Gaelic Melody © CD Sanctus – Paulinas.