Ressuscitou como amou

Uma das antífonas mais repetidas nesta época de Páscoa nos serve como um poderoso contraforte para a fé. É esta: ‘Resurrexit sicut dixit’. Jesus ressuscitou como havia prometido. No evento pascal, temos assim a confirmação da Palavra do próprio Cristo, na qual podemos depositar toda a nossa confiança. (…) Nesse sentido, esta antífona deve ser considerada como o fundamento festivo da nossa alegria, a alavanca da nossa esperança. Também é bom pensar na variação que um copista medieval introduziu, talvez por engano, talvez devido a um esforço de aprofundamento teológico. Deus realmente escreve certo em nossas pobres linhas tortas. Um amanuense escreveu: ‘Resurrexit sicut dilexit’. Ele ressuscitou como amou. Ele ressuscitou não apenas como havia predito a seus discípulos, mas de acordo com a constante qualidade de seu amor. É importante conectar a hermenêutica da Ressurreição ao amor, já que esta é uma chave necessária para iluminar o mistério. Para aquele Filho “obediente até a morte e a morte da cruz”, Deus permanece fiel com todo o seu amor. E amar é dizer ao outro: você não morrerá. Esta é a garantia de Deus, seu gesto definitivo que recria a história.

José Tolentino Mendonça. “Como ele amou”. In: https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/589505-como-ele-amava

Meditação:

O que está no centro da fé na Ressurreição? Como esta esperança se articula com a experiência de amar e se deixar amar? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje propõe um trecho do texto “Como ele amou”, do poeta e cardeal português José Tolentino Mendonça. Escutemos o que ele nos diz:

José Tolentino começa sua reflexão, situando a experiência com Jesus Ressuscitado no domínio da promessa, que nos faz acreditar na palavra dada por alguém. Ela é, assim, recebida como uma atestação de verdade, como um cumprimento. Como você lida hoje com as promessas que escuta? Consegue crer na palavra de outra pessoa?

O poeta amplia nosso olhar a partir de uma variação de um texto conhecido ou mesmo um erro de tradução: ao inserir uma sílaba a mais numa palavra, um copista antigo nos coloca não mais diante da palavra, mas da realidade do próprio amor. Você consegue aprender coisas novas, mais profundas, com percepções diferentes ou mesmo com seus erros?

Tolentino nos propõe uma compreensão existencial que vincula o amor à palavra e à vida. Com a beleza da poesia e da fé, ele nos ensina a palavra tornada amor: “você não morrerá”. O que esta frase poética e profética desperta em seu coração?

Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?

A Faculdade Jesuíta deseja que todos experimentemos este amor transbordante pela vida dos outros!

Música: Morning Has Broken – Tradicional Gaelic Melody © CD Sanctus – Paulinas.

Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão sj

Realização: Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia