O horizonte aberto do mar sempre atraiu a imaginação humana. As viagens de Ulisses na antiga Grécia, as navegações ibéricas em busca do novo mundo, assim como as travessias dos navegadores contemporâneos, evocam imagens de aventura, conquista, alargamento do mundo e da consciência. Atravessar o mar parece significar a passagem por provas e desafios e o encontro com uma nova realidade, seja no mundo ou na interioridade. Todavia, em solo brasileiro somos marcados por travessias do mar que inauguraram realidades que nos atingem dolorosamente. A primeira travessia portuguesa que proporcionou o encontro dos povos da Europa com os povos que aqui viviam deu início à nossa história colonial. Ainda no início dessa história, as travessias entre a África e a costa brasileira nos colocaram diante da nossa marca mais profunda, que ainda hoje sangra em quem quer que se permita vê-la. (…) A travessia do mar permanece aberta, os mares da infâmia não foram fechados, como pediu o poeta [Castro Alves]. A liberdade humana, seja imaginária ou feita ação concreta no mundo, permanece real. Nos resta desejar atravessar o mar em direção ao mundo novo prometido e pedido pelo Deus que liberta.
Marília Murta de Almeida. “A travessia do mar”. In: https://faculdadejesuita.edu.br/palavra-presenca/a-travessia-do-mar/
Meditação:
O que as navegações têm a dizer sobre nossa vida? Como lidamos com as travessias desejadas e com aquelas que são forçadas? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir de um trecho do texto “A travessia do mar”, da pesquisadora e professora de filosofia Marília Murta de Almeida. Escutemos o que ela nos diz:
Marília Murta oferece alguns exemplos narrativos e históricos sobre a fascinação humana com as travessias. Além disso, descreve as duas experiências ligadas com qualquer travessia: de um lado, as dificuldades e provações; do outro lado, o desejo de ampliação de nosso mundo, de expansão, de novidade. Como você lida com essa dupla dimensão de todas as travessias da vida?
A professora apresenta, também, alguns eventos dramáticos ligados a essas travessias históricas. A expansão de alguns mundos pode não saber respeitar o mundo dos outros, dos diferentes. E isso pode causar dominações, feridas, escravidões e mesmo mortes. Como você identifica isso na relação entre pessoas, entre grupos, entre países?
Marília Murta não somente descreve a realidade, mas ousa convidar a viver uma realidade outra. Ela nos convida a sonhar e a realizar a mais bonita das travessias, aquela de um verdadeiro encontro, que busca a felicidade e a liberdade para todos. Como este convite ressoa em você? Você ainda sonha com este novo mundo?
O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Você concorda com a reflexão proposta? Que pontos merecem um maior aprofundamento?
A Faculdade Jesuíta deseja que, na travessia de nossas vidas, nós sejamos sempre uma boa companhia!
Música: As Rain In The Desert Brings Hope – D.T. Halpin, fsp/G.A. Richards, fsp © CD Sanctus – Paulinas.
Produção e apresentação: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão sj