Quantas vezes erramos nos nossos julgamentos apenas porque estamos fatigados? Por que razão o cansaço nos faz aceitar com tanta facilidade coisas a que diríamos não noutro momento qualquer? A fadiga afeta-nos o discernimento a um tal ponto que o descanso devia ser obrigatório a fim de evitar a nossa própria destruição. Seja o cansaço o resultado de um exercício repetitivo do qual nos aborrecemos até ao limite, quer a fadiga resulte de um esgotamento de forças, em ambos os casos é sempre um desgosto. Pois ainda que muitas vezes nos fique a honra de termos cumprido, ou mesmo excedido, o nosso dever, a fadiga é sempre um preço a pagar e não um prazer do qual se desfrute. (…) E há um tempo ainda mais perigoso do que o cansaço, que é o que algumas vezes lhe sucede, se não houver descanso: o tempo do desinteresse, da desmotivação completa, do já nada importa. O meu mundo e o dos meus seria muito melhor se eu descansasse mais, me empenhasse em recuperar forças quando já não as tenho, e respeitasse os meus limites. (…) Se estou cansado, não decido, descanso.
Jose Luís Nunes Martins. “O cansaço favorece as quedas”. In: https://www.imissio.net/artigos/49/4863/o-cansaco-favorece-as-quedas/
Meditação:
O cansaço é uma experiência humana comum. Mas de que modo ele interfere em nossa capacidade de reflexão e de decisão? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir de um trecho da crônica “O cansaço favorece as quedas”, do filósofo e escritor português José Luís Nunes Martins. Escutemos o que ele nos diz:
José Luís Nunes Martins começa sua reflexão convidando seu leitor a buscar na memória erros de julgamento e decisões mal tomadas em situação de cansaço. Tudo isso para ajudá-lo a compreender que tanto o cansaço que vem de um descontentamento quanto a fadiga física afetam nossa faculdade de discernimento. Você identifica isso em si e nos outros?
O filósofo apresenta, ainda, outras consequências do cansaço: a falta de motivação, a perda do interesse, o desinvestimento afetivo em relação ao mundo e aos outros. Essa sensação de desgosto pode, muitas vezes, influir negativamente em nossas relações mais importantes. Você consegue observar essas etapas de desgaste ligadas ao cansaço?
José Luís não propõe nenhuma receita revolucionária para vencer o cansaço. O remédio é relativamente simples: descansar e recuperar as forças! A simplicidade desta proposta é relativa, pois exige que cada pessoa aceite e respeite seus próprios limites. Você é capaz de adiar uma decisão ou um compromisso quando percebe que não está com forças suficientes?
O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Você concorda com a reflexão proposta? Que pontos merecem um maior aprofundamento?
A Faculdade Jesuíta deseja que cada um de nós saiba descansar para tomar decisões mais livres e conscientes!
Música: It Is Well With My Soul – Horatio G. Spafford/Philip P. Blis © CD Sanctus – Paulinas.
Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ