As três palavras fazem parte da nossa vida. Nenhuma delas será pouco saudável quando olhada com conta, peso e medida. O problema mora no fato de não sabermos, sempre, equilibrar todas e distingui-las umas das outras. As idealizações permitem-nos ter sonhos, imaginar uma casa, uma vida que gostaríamos de ter. As expectativas permitem-nos ter esperança, semeiam cá dentro uma espécie de querer que quase rima com conseguir. E a realidade é o que temos a cada dia e o que nos vai sendo dado (ou permitido) viver. O problema é quando idealizamos o que não depende de nós. Idealizamos o comportamento de uma pessoa, as suas atitudes, aquilo que gostaríamos que nos desse… e adequamos, erradamente, as expectativas correspondentes. O perigo é muito claro: quando idealizamos o que não está no nosso controle corremos o risco de criar uma realidade que nunca será viável, ou possível. Quando criamos expectativas que só existem na nossa cabeça e não rimam com nenhuma ponta da realidade, estamos a desenhar uma alternativa que pode nunca se concretizar.
Marta Arrais. “Idealizações, expectativas e realidade” In: https://www.imissio.net/artigos/49/4879/idealizacoes-expectativas-e-realidade/
Meditação:
Que tipo de relação estabelecemos entre nossas ideias e a realidade? Quais são as condições para que nossas idealizações e expectativas possam nos fazer bem? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir de um trecho do texto “Idealizações, expectativas e realidade”, da cronista portuguesa Marta Arrais. Escutemos o que ela nos diz:
Marta Arrais ajuda-nos a refletir sobre uma verdade existencial: em nossa vida humana, nossa relação com a realidade está cheia de idealizações e expectativas. Para encontrar um sadio equilíbrio entre as ideias, as esperas e o real, é necessário ter consciência da distinção entre o que significa cada uma dessas palavras. Você identifica essas diferenças? Consegue percebê-las em sua experiência?
A cronista expressa o que é saudável na idealização e na expectativa. Enquanto a realidade diz respeito ao dado concreto de nossa vida cotidiana, a idealização abre esta realidade a um sonho que ainda não existe, mas pode existir, e a expectativa gera uma esperança que nos engaja e nos leva a procurar realizar o que queremos. Você reconhece em si e nos outros esta abertura que mobiliza os afetos, a razão e a ação?
Marta Arrais alerta para o maior risco das idealizações: projetar ideias sobre pessoas e situações que não dependem de nós. Essas projeções indevidas geram expectativas que serão, com muita frequência, frustradas. Isso acontece porque não se respeitou a realidade: a liberdade dos outros, a autonomia do mundo e os limites de nosso controle. Como essa possível dissociação entre as ideias e o real afeta nossa vida e a dinâmica de nossa sociedade?
O Passo a Pensar vai chegando ao fim. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?
A Faculdade Jesuíta deseja que sejamos pessoas com grandes ideias e ideais, que brotam da realidade e que, por isso, sejam capazes de transformá-la!
Música: Abide With Me – Henry F. Lyte/William H. Monk © CD Sanctus – Paulinas.
Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Realização: Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia