A atitude subjetivo-afetiva do confiar vem naturalmente antes do conhecer objetivamente. Desde muito cedo, na tenra infância, sem justificativas e explicações racionais, aprendemos a confiar em nossos pais e nas pessoas mais próximas. O nosso dia a dia da vida seria impossível se nossa confiança nas pessoas fosse menor que a nossa desconfiança. Se só confiássemos em quem objetivamente conhecemos, não confiaríamos em ninguém, pois as pessoas nunca são total e objetivamente conhecidas; elas se resguardam no seu mistério, elas reclamam o seu ser-outro, elas se afirmam na sua liberdade e, assim, escapam à determinação objetivante do conceito. Na atitude de crer em alguém, o grau de certeza que o crente tem é subjetivamente suficiente, mas não é objetivamente suficiente. Isso distingue, por um lado, a fé da mera opinião, em que não há um grau de certeza suficiente nem subjetiva nem objetivamente, e, por outro lado, a distingue do conhecimento objetivo-demonstrativo ou científico, em que o grau de certeza é suficiente tanto subjetiva quanto objetivamente.
Luiz Carlos Sureki SJ. “Se não acreditardes, não compreendereis”. In: https://faculdadejesuita.edu.br/se-nao-acreditardes-nao-compreendereis-cf-is-7-9/
Meditação:
Qual é a relação entre a confiança e o conhecimento? Fé e opinião são a mesma coisa? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir de um trecho do texto “Se não acreditardes, não compreendereis”, do professor de Filosofia e Teologia, Luiz Carlos Sureki. Escutemos o que ele nos diz:
Luiz Carlos Sureki fala da importância do ato de confiar. Nenhuma família e nenhum grupo humano poderiam se desenvolver, se a desconfiança tivesse a primazia em nossas relações afetivas e sociais. Tome consciência desta atitude de confiança que está na base de nossa linguagem e de nossa cultura.
O professor nos ajuda a entender uma diferença fundamental: a relação com as pessoas está fundada na fé, que aceita não objetivar o outro, reconhecendo sua condição de mistério; a relação com o mundo está fundada no conhecimento objetivo, e isso nos permite ter algumas certezas, que podem ser demonstradas aos outros. Você percebe esta dupla maneira de relação com a realidade?
Luiz Sureki afasta a atitude de fé e de conhecimento da atitude da mera opinião. Tanto na fé quanto no conhecimento, há um engajamento com o outro, um compromisso, que pode ser subjetivo ou objetivo. No entanto, na mera opinião, este compromisso se quebra e não há nenhuma certeza, nem subjetiva, nem objetiva. Suas decisões estão fundadas na confiança e no conhecimento, ou você se deixa levar por meras opiniões?
Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Gostaria de retomar algum ponto desta reflexão?
A Faculdade Jesuíta deseja que todos aprendamos a confiar e a conhecer, com afeto e compromisso!
Música: Parteiros do Mistério © Francys Adão SJ (Arranjo de PC Bernardes)
Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Realização: Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia