Desiludimo-nos muito. É profissão e ocupação para toda a vida. Ninguém nos ensina, no entanto, a lidar com os desfasamentos provocados pelas expectativas que não se encontram (tantas e tantas vezes) com a realidade. Mas, afinal, de onde chega a desilusão? Há alguma forma de a evitar? (…) Vivemos iludidos. Viajamos na ilha das imensas expectativas que criamos sobre as coisas e sobre os outros. Quase nunca batemos certo com o que realmente acontece. Batemos de frente. (…) Esse é o princípio de todas as desilusões. Podemos evitar a desilusão se enchermos menos o copo das expectativas. Do adequar os outros àquilo que somos. Ninguém é como tu. Ninguém viveu a tua história. Ninguém passou pelas mesmas sendas a arder. Pelos mesmos trilhos de pedras e folhas calcadas. Como é que, não vivendo o mesmo que tu, poderão os outros agir de acordo contigo e com o que esperas deles? Mais vale não esperar nada. Não como quem desiste, mas como quem quer surpreendido pelo que vier.
Marta Arrais. “Só se desilude quem, um dia, se iludiu” In: https://www.imissio.net/artigos/49/5148/so-se-desilude-quem-um-dia-se-iludiu/
Meditação:
De onde vem a experiência da desilusão? Há alguma maneira madura de evitá-la? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje nos propõe um trecho do texto “Só se desilude quem, um dia, se iludiu”, da cronista portuguesa Marta Arrais. Escutemos o que ela nos diz:
Marta Arrais parte de uma constatação: a desilusão faz parte de nossa experiência cotidiana e tende a nos acompanhar por muito tempo ao longo de nossa vida. Ela também lamenta o fato de não recebermos orientações para lidar com essa experiência incômoda e repetitiva. Você também constata a frequência desta experiência em sua vida? Recebeu alguma ajuda para lidar com isso?
A cronista, antes de propor um caminho de superação da desilusão, tenta buscar suas raízes. E ela resume a origem da desilusão em uma palavra: expectativa. A expectativa é um modo de lidar com as coisas e com as pessoas, tendo como parâmetro a nós mesmos, nosso modo de ler o mundo e viver a vida. Você nota em si esta busca de adequar o mundo e os outros a seus gostos e ideias? Costuma criar expectativas baseadas mais em si do que na realidade do outro?
Marta Arrais oferece um caminho simples para superar as desilusões: não criar ilusões. Ou seja, é necessário não projetar exageradamente expectativas sobre os outros e sobre a realidade, respeitando a alteridade do mundo. E ela acrescenta que, neste caso, não esperar nada não significa uma desistência ou uma desesperança, mas uma permanente abertura às surpresas da vida. Qual é sua disposição interior para deixar-se surpreender pelos outros e pelo mundo?
Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?
A Faculdade Jesuíta deseja que sejamos pessoas que se alegrem com as surpresas que a vida nos oferece!
Música: Morning Has Broken – Tradicional Gaelic Melody © CD Sanctus – Paulinas.
Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ