Permanecer em construção

Sinto que por vezes precisávamos de por uma placa ao pescoço a dizer: “EM CONSTRUCÃO, lamentamos o incômodo, mas não sabemos quando vai acabar”. Precisamos de: Reconhecer que somos uma obra em progresso, em permanente construção e desconstrução. Reconhecer que por vezes fazemos projetos, pedimos licenças e nem sempre conseguimos fazer a obra a que nos propomos. Reconhecer que nem sempre somos a melhor versão de nós mesmos e que temos de refazer os projetos, a arquitetura da causa e fazer…melhor! (…) Independente de sentir que nem sempre aprendo com os erros, reconheço que tenho a obrigação de me esforçar por melhorar e de obrigar a mudanças de Dentro para Fora. (…) Faz parte deste meu projeto de construção que luta contra a frase do “eu sou assim, quem gosta, gosta, quem não gosta põe na beira do prato”. É um projeto que dá muito trabalho, inquieta, incomoda e perturba, pois obriga a reconhecer e a valorizar o que és, mas que te põe há prova na relação com os outros, dado que nem sempre o que és corresponde à imagem que os outros têm de ti. Esse choque, essa surpresa, decepção… abana alicerces, e pode obrigar a novas remodelações no projeto pessoal. Por isso estou (…) em permanente… CONSTRUÇÃO.

Raquel Rodrigues. “Em construção…” In: https://www.imissio.net/artigos/69/5251/em-construcao/

Meditação:

A nossa existência humana já é uma obra acabada? Como lidamos com nossos processos de reconstrução? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje nos propõe um trecho do texto “Em construção…”, da cronista portuguesa Raquel Rodrigues. Escutemos o que ela nos diz:

Raquel Rodrigues utiliza uma imagem para começar sua reflexão: uma placa, pendurada ao pescoço, indicando uma obra em construção, como costumamos ver nas casas e prédios das grandes cidades. Esta placa serviria tanto para informação aos outros, quanto para nós mesmos, para reconhecermos nossos processos de humanização. Como você lida com esta situação de “inacabamento”? Gosta de permanecer em construção?

A cronista alerta que este movimento de contínua construção não é espontâneo, mas exige certo esforço. A frase “eu sou assim” pode não significar uma sadia autoaceitação, e sim um bloqueio aos processos de mudança interior, que vão tendo efeitos em nossas relações e em nossa presença no mundo. Você percebe isso em si e à sua volta? Você se dispõe a fazer este esforço?

Raquel Rodrigues apresenta, no fim de sua reflexão, os dois elementos que devem estar sempre presentes neste inquietante e belo processo de reconstrução: de um lado, o reconhecimento e a valorização pessoal, e do outro lado, o encontro com o outro, que nos surpreende e nos recoloca em movimento. Você tem dado atenção a essa dupla dimensão de seu caminho de humanização?

Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?

A Faculdade Jesuíta deseja que sejamos pessoas em relação, sempre em processo de abertura e reconstrução!

Música: Morning Has Broken – Tradicional Gaelic Melody © CD Sanctus – Paulinas.

Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ