Num mundo armado de ódio, sangue, lágrimas e desencontros que parecem irremediáveis, somos chamados a ser os primeiros a construir a paz. A reconstruir, desde dentro, o que lá fora parece estar perdido, órfão, moribundo. Não podemos nada contra a guerra entre Israel e a Palestina, entre a Rússia e a Ucrânia, entre os terroristas e Cabo Delgado e contra tantas outras que as notícias se vão esquecendo de falar. Mas podemos fazer a paz entre os que convivem conosco. Nos ambientes onde nos movemos e movimentamos. Na nossa casa. Na nossa família. Entre os vizinhos ou entre os amigos. Entre os que conhecemos melhor ou pior. Essa paz podemos fazer. Podemos escolher fazer o Bem quando os outros escolhem enganar-nos e ferir-nos. Podemos escolher a gentileza em vez do espezinhar. A esperança em vez do pessimismo. Somos chamados todos os dias a fazer melhor e a ser melhor para os outros. E viramos a cara. Preferimos dizer que a culpa é dele. Ou dela. Ou de tudo o que está fora de nós. Mas ainda somos os protagonistas da nossa vida e é com essa única história que nos é dada a escrever que ainda podemos fazer diferente. Ainda vamos a tempo de mudar as coisas. De mudar o curso deste rio que vai enfurecido, tingido do sangue e da vida de tantos os que já se perderam. Não te percas tu também. Faz a paz. Sê a paz.
Marta Arrais. “Que nos deixem em Paz”. In: https://www.imissio.net/artigos/49/5310/que-nos-deixem-em-paz/
Meditação:
Diante do horror das guerras, há alguma esperança possível? É razoável pensar em algum engajamento pela paz? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje nos propõe um trecho do texto “Que nos deixem em Paz”, da cronista portuguesa Marta Arrais. Escutemos o que ela nos diz:
Marta Arrais começa sua reflexão com um paradoxo. Por um lado, ela cita conflitos próximos ou distantes de nós, que são vistos como algo irremediável. Por outro, ela escuta justamente nesses conflitos um chamado: tomar a iniciativa na construção da paz. Como podem se conjugar em nós essas duas experiências: o desalento e o apelo? Você percebe o chamado que brota no coração de situações adversas?
A cronista diz que a reconstrução do que está aparentemente perdido deve começar por dentro e pelas relações de proximidade. A paz não é, antes de tudo, um assunto político de pessoas poderosas, mas é um trabalho cotidiano ligado ao coração, à família, à vizinhança, aos encontros com desconhecidos… De onde surgem os principais conflitos de guerra? Você acredita na força das transformações interiores e de proximidade?
Marta Arrais convida a uma esperança engajada. Fazer a paz e ser a paz! É uma escolha ao nosso alcance, a vida pede de nós um protagonismo na construção do Bem, há tempo para uma mudança de rumos e de atitudes diante do outro. Como você reage a esse convite? A quantas anda sua esperança?
Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?
A Faculdade Jesuíta deseja que tenhamos fé e nos engajemos por esta paz sempre ao alcance do humano!
Música: It Is Well With My Soul – Horatio G. Spafford/Philip P. Blis © CD Sanctus – Paulinas.
Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ