(Trechos retirados da obra do Pe. Henrique Cláudio de Lima Vaz SJ)
A violência é reconhecida como um dado antropológico fundamental presente na gênese e no desenvolvimento das sociedades humanas, que lutam por contê-la em todas as suas formas. Ela alcança seu paroxismo na morte que aparece ao homem, ser inteligente e livre, mas ciente de que deve morrer, como a contradição absoluta, presente no coração da vida, ou como o não-sentido absoluto irrompendo no universo humano do sentido. (…)
Se voltarmos nossa atenção para as mil faces da violência, num mundo onde o homem se glorifica de ter, enfim, instalado seu reino, esse reino da liberdade, que perseguia o sonho da Ilustração, dos homens de 89, de Kant, de Hegel ou de Marx, não poderemos conter nosso espanto, ao ver subir uma tão poderosa vaga de não-sentido, do fundo desse abismo da liberdade no qual se pensava ter descoberto, finalmente, a fonte última do sentido.(…)
O espetáculo que nos oferece a modernidade, ao mesmo tempo, triunfante e em profunda crise, se a considerarmos desde o ponto de vista desse dever ético fundamental, que é para o homem, a instauração do sentido na sua vida. O dever de realizar a verdade da sua existência é o desencadear aparentemente incontrolável do não-sentido da violência e da morte. Violência brutal das armas e dos meios de destruição de massa; violência sutil da propaganda e da manipulação da informação; violência cega do terrorismo; violência silenciosa e universal da injustiça nas relações políticas, sociais e econômicas entre indivíduos, grupos e nações.
E ao termo desses e de outros caminhos da violência, o esgar insensato da morte moderna.