Raízes gregas do Humanismo: pré-socráticos, socráticos e Sócrates

Os antigos gregos tinham duas palavras para designar o ser humano: uma era ánthropos, que quer dizer ser humano, isto é,tanto a mulher quanto o homem; a outra palavra era thnetós, quequer dizer mortal, em oposição aos deuses, que eram chamados de imortais.Os antigos gregos comparam os seres humanos mais aos deuses que às outrascoisas existentes na terra. O primeiro dos filósofos pré-socráticos, Tales deMileto, que é do século 6º antes de Cristo, afirmava: “tudo está cheio dedeuses”. Essa afirmação mostra como na visão de mundo dos antigos gregosconhecimento e religião estavam imbrincados.

O homem era visto como um ser especial por ter uma variada e incomparável habilidade com as mãos, sendo por isso capaz de fabricar um mundo todo seu, o mundo da técnica. Mas a característica mais peculiar do homem se evidencia no fenômeno da linguagem, o qual faz surgir o mundo do significado que todas as coisas têm para o homem.

Os gregos se perguntam pelo todo, pela totalidade de tudo o que existe. E, nessa inquirição, eles não vão apenas ao que está fora e além, mas vão também àquele mundo à parte e pequeno, mas que constantemente se vê repleto de inquietações e projetos: o homem, cada ser humano em particular.

Daí que a lição de Sócrates, um ateniense do século 5º antes de Cristo, se mantém tão atual. “Conhece-te a ti mesmo”, para ele essa é a grande tarefa imposta a quem quiser dar sentido à própria existência.

Esse princípio interior é identificado por Sócrates com a palavra psykhé, que significa alma, isto é, o mais íntimo de cada ser humano. No interior do homem acontece a pergunta pelo sentido da vida e da ação dele. Vale ou não vale a pena viver e agir? Se valer a pena, a vida e ação de alguém serão classificadas como virtuosas. Do contrário, tem-se a impressão de que faltou algo ou, pior, que aquela pessoa está toda ela inundada no vício. Mas a constatação da interioridade lança cada ser humano a comunicar-se com seus semelhantes, fazendo da capacidade de dialogar a marca da vida autenticamente humana.

PROF. DR. DELMAR CARDOSO SJ