por Johan Konings, SJ
Na origem da memória do povo de Israel está uma experiência religiosa que foi vista como um pacto entre o povo de Israel e Deus. E este pacto é geralmente chamado de Aliança, ou seja, um pacto atestado pelos dois partidos que o concluem, no caso, Deus e o povo de Israel, o antigo povo das doze tribos de Israel.
Este povo passou por uma experiência ao mesmo tempo trágica e esperançosa: a experiência da libertação da escravidão do Egito. Por volta do ano 1200 antes nossa era, ou antes de Cristo, como costumamos dizer, esse povo vivia escravizado no Egito. Mas pela liderança de seu herói Moisés, que teve um chamamento de Deus, o povo foi conduzido através do mar Morto e do deserto do Sinai, que separam o Egito do território hoje chamado Israel e Palestina.
Essa saída do Egito e a travessia pelo deserto foram chamados o Êxodo. E durante este êxodo celebraram o pacto com Deus que os protegeu. Esse pacto é chamado a primeira ou antiga aliança, a aliança dos tempos antigos. Na realidade, também outros momentos receberam o nome de aliança, por exemplo, os pactos de Deus com os patriarcas Noé e Abraão. Mas a antiga ou primeira aliança por excelência é aquela do monte Sinai, ou Horeb, mediada pelo líder Moisés.
Este recebeu de Deus também a Lei para o povo, as dez clausulas fundamentais dessa Lei – os dez mandamentos – foram gravadas em duas tábuas de pedra, que foram depositadas na “arca da Aliança”. Esta Arca da Aliança foi guardada no santuário móvel, a tenda ou Tabernáculo, que os israelitas armavam nas suas etapas no deserto, e mais tarde no templo de Jerusalém, até o momento em que este foi destruído pelos babilônios de Nabucodonosor, em 586 antes de Cristo.
Essa Lei não era um código jurídico como às vezes se pensa. Era chamada a Torah, e Torah significa instrução ou ensinamento. Era o que hoje chamaríamos de “caminho da vida”. Este caminho da vida foi registrado em cinco rolos de papiro, de onde ser chamado, mais tarde, em grego, de Pentateuco, que significa “cinco rolos”. A estas escrituras foram depois acrescentados os relatos e as palavras dos profetas, os mestres espirituais de Israel, que cuidavam da observância da Aliança e da Torah. E foram acrescentados também alguns rolos chamados simplesmente de escritos, contendo sabedoria, provérbios, ou até poesia, como os salmos e o Cântico dos Cânticos. Assim constituíram-se as três partes da Bíblia de Israel: Lei, Profetas e Escritos, o que os judeus hoje chamam o Tanac, abreviatura composta com as letras iniciais das três partes, em hebraico.
Pois bem, essas foram as Escrituras conhecidas e guardadas também por Jesus e seus discípulos.