Diante [da situação atual], uma revolução é possível? Todos acham que sim, que é possível e necessária. Uma revolução futura em nossos modos de ser, de viver e de nos organizar como sociedades globalizadas. Alguns pontos,hoje, são gritantes. Elenco três. Primeiro, a sociedade neoliberal, tão louvada, está em questão. Ela gera um falso dilema: salvar vidas ou economias?Percebemos que o neoliberalismo como racionalidade de organização social, não serve. Agora, quem nos salva é o público. Os Hospitais Públicos, que possuem grande capacidade de acolher os enfermos. As pesquisas das Universidades Públicas, que estão buscando soluções médicas e farmacológicas para a pandemia.As Políticas Públicas, que podem nos ajudar na sobrevivência, seja na necessidade de alimentação diária por grande parcela da população que não possui recursos ou um contrato de trabalho, seja porque vivem abaixo do índice de pobreza. Segundo, a ciência tem um grande valor. Contrapor ciência e opinião é o caminho mais rápido para colocar tudo a perder. O repúdio às vacinas, a terraplana, as ideologias alucinantes e as teorias da conspiração; ideias que circulam nas redes sociais afetando os mais simples, os ingênuos e os imbecis,não servem. O que serve é a boa e velha ciência, feita de financiamentos, de preocupação com os desafios reais das populações e com muito estudo e esforço.Terceiro, a intersubjetividade, as relações humanas, nos constituem, constituem nossa identidade. Por isso, aprender a conviver é sempre um desafio. Desafio crescente, agora que estamos todos mais dentro de casa. Famílias inteiras passam dias inteiros, juntas. Sobreviverão a esses desafios? Como aprenderão, novamente, a falar e a ouvir, a descobrir formas lúdicas para passar alguns momentos comuns de forma leve e saudável? Como serão criativas no cuidado mútuo e nos gestos de doação? Desafios necessários para a reflexão e ação neste tempo de pandemia.
Meditação:
Que mudanças estão acontecendo, silenciosamente, nestes tempos de pandemia? Podemos falar em pequenas e grandes revoluções? Refletiremos sobre isso no Passo a Pensar de hoje, com a ajuda do professor de filosofia Elton Vitoriano Ribeiro. Escutemos sua reflexão:
Elton Vitoriano sugere três binômios que traduzem distintos modosde se relacionar com o mundo e com os outros: no âmbito socioeconômico, apolítica neoliberal e a política pública; no âmbito intelectual, a opinião e a ciência; no âmbito existencial, o isolamento e a convivência. Dou-me conta da diferença fundamental entre esses modos de relação?
Na reflexão do professor, notamos ênfases distintas: um dos polos prioriza a dimensão privada e o direito dos indivíduos; o outro prioriza a dimensão pública e a busca do bem comum. Nesses tempos de crise, este segundo polo revelou toda a sua força e valor, mostrando-se capaz de dar melhores respostas às ameaças à vida de cada pessoa. Quanto a mim, qual ênfase tenho dado em minha relação com o mundo e com os outros?
O professor nos provoca à reflexão e à ação sobre nosso modo delidar com o bem público, com o conhecimento científico e com nossas famílias. A revolução só irá acontecer se aceitarmos mudar nosso modo de viver e de conviver. Que mudanças estou disposto a viver para construir um futuro com esperança?
Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Concordo com a reflexão proposta?
A Faculdade Jesuíta deseja que você comece, hoje, a revolução que nos conduzirá a um futuro mais bonito!
Texto: A pandemia, a filosofia ecada um de nós, de Elton Vitoriano Ribeiro. Disponível em:https://www.faculdadejesuita.edu.br/artigo/a-pandemia-a-filosofia-e-cada-um-de-nos-06042020-144725.
Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ
Música: Be Thou My Vision – J.H.Desrocquettes/Ancient Gaelic © CD Sanctus – Paulinas.