Vidas vividas importam

Será que a vida se torna menos digna quando envelhecemos? Como temos cuidado de nossos idosos? Que valor reconhecemos neles? No Passo a Pensar de hoje, refletiremos sobre essas questões com a ajuda de trechos do artigo “Vidas vividas importam”, do músico e professor de filosofia Clovis Salgado Gontijo. Ouçamos o que ele nos diz:

“A desvalorização dos idosos no Ocidente pós-moderno, que tampouco é uma grande novidade, sustenta-se hoje numa ilusão, que a muitos tranquiliza. A morte concerne mais aos velhos que a mim. No entanto, enquanto estamos vivos, alguns se encontrariam mais tocados pela morte que outros? Em outra perspectiva, a morte seria uma questão mais de alguns que de outros? A ameaça suprema se ameniza ao perder algo da sua universalidade. Infelizmente, se a morte não é universal, a fraternidade que nos liga a um destino comum também se rompe. E, assim, a falta de compaixão se traveste na sentença supostamente realista: “Mas ele já ia morrer mesmo…” (…) Convivemos com o preconceito de que a quantidade de ser decresce com a idade, como se o “ser” fosse mensurável. Desse modo, as vidas “velhas” pouco ou menos importam… No entanto, se a pele, o cérebro e, até mesmo, o coração envelhecem, a vida seria capaz de envelhecer? (…) Para empregar (…) uma linguagem musical, talvez esta pandemia esteja despertando a indignação necessária para buscarmos outros ritmos, outros andamentos, outras tonalidades na nossa organização social, na nossa compreensão do humano. As vidas carentes, as vidas depreciadas, as vidas maduras, as vidas recheadas de dores, de alegrias, de sonhos, de saudade, de poesia, as vidas recém-geradas ou bem vividas, enfim, sempre importam.

MEDITAÇÃO

Clovis Salgado Gontijo considera que o pouco valor dado aos idosos em nosso contexto é fruto de uma ilusão: nós esquecemos que todos somos igualmente vulneráveis diante da morte. E a diminuição da consciência de nosso destino comum também provoca rupturas em nossas relações de fraternidade. O que penso sobre esta afirmação? Reconheço esta ilusão e essas rupturas em mim e à minha volta?

A falta de compaixão e de cuidado com os mais velhos estaria relacionada a um preconceito: um tipo de leitura quantitativa do ser e da vida, ao invés de uma leitura qualitativa. Quantas histórias e experiências edificantes e dramáticas estão guardadas na pele, na mente, no coração de nossos idosos! Como podemos recolher melhor essas experiências, escutar mais atentamente essas histórias?

O professor, inspirando-se numa linguagem musical, sugere que este tempo de crise poderia ser uma ocasião favorável para a descoberta de novos ritmos, andamentos, tonalidades em relação ao nosso modo de conceber nossa humanidade comum e de nos organizarmos em sociedade. No coração desta novidade, uma máxima: cada vida importa! Sinto-me motivado, motivada a colaborar com esta descoberta?

O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Concordo com as reflexões propostas?

A Faculdade Jesuíta deseja que você descubra o valor inalienável de sua vida e de cada vida vivida!

Texto de Clovis Salgado Gontijo
Disponível em https://www.faculdadejesuita.edu.br/artigo/vidas-vividas-importam-20082020-130124. Acessado no dia 26/08/2020.

Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ