Há quem tema o fim do mundo, se deixe esmagar pela certeza de que um dia todos deixaremos de estar aqui. Em momentos diferentes, mas todos vamos deixar este mundo. Há quem desespere com essa verdade que parece impedir a esperança. Talvez a verdade seja que a vida não é para adiar, é para cumprir, da melhor forma possível, sem nos perdermos em tempos que não são os nossos, que não podemos alterar. O passado e o futuro escapam-nos, e quando nos demoramos a pensar neles, perdemos o presente. O hoje. A vida. É certo que o dia do fim chegará, e haverá um dia antes desse. E se nesses, como nos anteriores, tivermos sido mais fortes do que os medos que nos paralisam e do que os egoísmos que nos impossibilitam de sermos melhores, então, se tivermos tido essa coragem, a nossa vida foi felicidade, apesar de todas as dores. O que podemos esperar depois do fim desta vida? Creio que tudo. (…) Este mundo está cheio de sinais simples de que tem sentido. O tempo passa e nós com ele. Como se a existência fosse um enorme palco onde todos são livres de escrever o seu papel. Um palco num comboio que vai parando para que uns entrem e outros saiam. As estações não são o nada, mas outro mundo. As certezas que não temos não são mais importantes do que a fé que podemos ter. A minha vida não é o mal que me acontece, é o bem de que sou capaz. Viver é acrescentar. Que eu aprenda a estar atento ao que brota de novo em mim… e não é para mim! Que hoje seja diferente, que haja mais luz no mundo e que uma parte brote de mim!
Jose Luís Nunes Martins. “Todos os dias são os últimos, porque são únicos”. In: https://www.imissio.net/artigos/49/4267/todos-os-dias-sao-os-ultimos-porque-sao-unicos/
Meditação:
Todos somos finitos. Mas como a certeza do fim pode nos ajudar a viver com mais sentido? O Passo a Pensar de hoje quer nos ajudar a refletir sobre isso, a partir da crônica “Todos os dias são os últimos, porque são únicos”, do filósofo e escritor português José Luís Nunes Martins. Escutemos o que ele nos diz:
José Luís Nunes Martins, a partir da certeza de que todos chegaremos ao fim, apresenta duas alternativas: nós podemos nos paralisar, esmagados pelo medo, ou viver com esperança, saboreando cada dia como único. Qual tem sido minha reação mais frequente? Como lido com a minha condição, ao mesmo tempo, de mortal e vivente?
O filósofo fala que nós só podemos esperar e crer em algo “depois do fim” se formos capazes de enxergar os tantos sinais atuais de uma vida com sentido: a liberdade de escolher, a chegada e a partida de muita gente, a maturidade que vem com o tempo… Eu sou capaz de ver estes sinais? A certeza do fim me ajudar a viver mais intensamente o dia de hoje?
José Luís descreve a vida de cada um de nós como um bem, como uma novidade, como uma luz que brota no mundo. Mas é necessário atenção para identificar e colaborar com o crescimento do dom que é nossa existência única. Eu tenho considerado minha vida e a vida dos outros desta maneira tão bonita?
O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Você concorda com a reflexão proposta? Que pontos merecem um maior aprofundamento?
A Faculdade Jesuíta deseja que cada um de nós viva, ame e ilumine este mundo, até o fim.
Música: It Is Well With My Soul – Horatio G. Spafford/Philip P. Blis © CD Sanctus – Paulinas.
Produção e locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ