O Bem não faz barulho

Texto:

Não sei como vamos conseguindo trazer o coração e a alma à tona dos dias, quando nos obrigam a chafurdar, numa base diária, em notícias horrorosas. Vamos passando os olhos por um pouco de tudo: ou a guerra, ou os abusos, ou os maus-tratos, violência em todas as formas e feitios. Obrigam-nos a enterrar a alegria na “força do ódio”, do abanar de cabeça de espanto permanente. Enquanto os dias se desfiam, esperamos pouco. Esperamos que as pessoas sejam mesquinhas, traiçoeiras, que nos queiram enganar ou passar a perna pelo simples gozo de nos ver de nariz a beijar o chão. É precisamente neste cenário de pouca bondade e justiça que, por vezes, a vida nos permite encontrar pessoas boas. Pessoas que ainda valem a pena. Pessoas que ajudam os outros porque é essa a cor do sangue que lhes corre nas veias do peito e da alma. (…) É ali. Numa rua que ninguém conhece, e que não faz as notícias e os telejornais, que mora uma alma boa. Que cuida dos outros como quem nasceu para o fazer. Que não sente já as próprias dores por serem muitas. Mas que nunca parece cansar-se de aliviar as alheias. Há pessoas que fazem muito, com tão pouco. (…) Ainda há gente muito boa por aí. E por todas as vezes em que tanta gente se pode esquecer de lhe(s) agradecer, hoje agradeço eu.

Marta Arrais. “Ainda há gente (muito) boa!” In: https://www.imissio.net/artigos/49/5057/ainda-ha-gente-muito-boa/

Meditação:

Como não se deixar abater por tantas notícias tristes? Onde podemos encontrar o bem no meio de um aparente caos? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje nos propõe um trecho do texto “Ainda há gente (muito) boa!”, da cronista portuguesa Marta Arrais. Escutemos o que ela nos diz:

Marta Arrais faz uma lista de manchetes que sempre chamam a atenção dos jornais. Mas ela apresenta, também, o perigoso efeito que isso pode provocar em nós: passamos a viver na desconfiança, esperando o pior dos outros. Traga à memória as principais manchetes que você escutou ou leu nos últimos dias. Quais os efeitos que essas notícias provocam em você?

A cronista convida seus leitores e leitoras a sair dos noticiários e entrar na vida cotidiana. É no quase anonimato de nossa vizinhança, de nossos contatos diários, que encontramos gente simples e gente boa, que nunca aparecem nos telejornais. Pense em algumas dessas pessoas que vivem tão perto de você. O que você sente quando se encontra com elas.

Marta Arrais quer chamar a atenção para o contraste entre o polo das grandes notícias e o da vida verdadeira que vivemos. Ao mesmo tempo, a atenção que damos a um ou ao outro desses polos vai condicionar também os efeitos sentidos em nosso coração. A cronista escolheu olhar para pessoas simples e agradecer por elas. E você, qual tem sido a sua escolha?

Vamos chegando ao fim de mais um Passo a Pensar. Há algum ponto desta reflexão que você queira aprofundar e revisar?

A Faculdade Jesuíta deseja que tenhamos um coração agradecido por tanta gente boa que, sem fazer barulho, faz bem a nós e torna este mundo mais leve!

Música: Adoro Te – D.R. © CD Sanctus – Paulinas.

Produção e Locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ