A bênção da imperfeição

Só quem se sabe imperfeito está mais perto de ver Deus. São os imperfeitos que se sabem em construção. São os imperfeitos que não param de partir em busca. São os imperfeitos que reconhecem não saber tudo. Só os frágeis estão mais perto de ver Deus. São eles e elas que reconhecem que ainda não estão acabados. Que ainda permanecem em construção sendo oleados pelo seu sopro Divino, pelo seu eterno respirar capaz de dar sempre nova forma. Quem reconhece as suas fragilidades vê a importância de cada pedaço seu. Quem reconhece as suas fragilidades entrega sempre a sua inteireza. Dando verdadeiramente o que tem e o que é. Só quem se sabe imperfeito e frágil está mais perto de ver Deus. (…) Um Deus que quer inteiros. E só há inteireza com toda a nossa história. Com todas as nossas falhas. Com todas as nossas quedas. Deus não nos pede perfeição. Pede, isso sim, um arriscar total com a nossa vida. Um Deus que ergue frágeis para que se tornem inteiros. Únicos. Um Deus que ergue imperfeitos para que através das suas vidas possam erguer tantos e tantas. E tu? O que procuras? Descobre-te inteiro e verás a Deus!

Emanuel António Dias. “Descobre-te inteiro”. In: https://www.imissio.net/artigos/49/4714/descobre-te-inteiro/

Meditação:

Como lidamos com o fato incontornável de sermos frágeis e imperfeitos? Que bênçãos podemos receber por meio deste dado de nossa humanidade? Para nos ajudar a refletir sobre isso, o Passo a Pensar de hoje traz um trecho do texto “Descobre-te inteiro”, do cronista português Emanuel António Dias. Escutemos o que ele nos diz:

Emanuel António Dias apresenta uma visão diferente, positiva, da imperfeição e da fragilidade. Ele associa essas duas características humanas à nossa contínua construção, ao nosso estado de busca, à possibilidade de acolher as novidades. O que esta visão desperta em você? Você considera a imperfeição e a fragilidade desta mesma maneira?

Na verdade, o cronista português não centra sua atenção na imperfeição ou na fragilidade, mas no reconhecimento delas, na tomada de consciência capaz de dinamizar um processo de autenticidade, de pacificação, de autodoação sem idealizações e enganos. Você observa este fato em você e à sua volta? Qual a diferença entre quem se reconhece e quem não se reconhece imperfeito?

Emanuel vai ainda mais longe. O reconhecimento e a acolhida de nossa existência frágil e imperfeita são o caminho para Deus, para a contemplação de um Deus que junta nossos pedaços para nos fazer inteiros e inteiras, e que nos leva a ajudar a outros, igualmente imperfeitos e igualmente vocacionados a serem amados como únicos. Como você encontra Deus em sua fragilidade? Como aprende a misericórdia por meio de suas próprias imperfeições?

O Passo a Pensar de hoje vai chegando ao fim. Há algum ponto que você gostaria de revisitar ou aprofundar?

A Faculdade Jesuíta deseja que cada um de nós receba a bênção de transformar nossa imperfeição em abertura ao Amor perfeito!

Música: As I Kneel Before You – Maria Parkinson Higgins © CD Sanctus – Paulinas.

Produção e locução: Lucimara Trevizan e Francys Silvestrini Adão SJ